Completo hoje dois
anos da Cirurgia Bariátrica. Dois anos de mudanças radicais em que tive que
reaprender a viver. Mudei o numero do manequim, mudei a minha maneira de andar,
mudei a minha visão sobre o meu próprio tamanho. Ainda procuro os espaços
maiores para me sentar, as cadeiras mais reforçadas, os lugares mais amplos.
Ainda me confundo com as porções que deve colocar em meu prato; sempre erro
para mais. Nos self-services coloco muito e pago por isso. Não sei exatamente o que devo comer ou o que
vai me fazer bem. Nas visitas à casa de amigos ainda constranjo o anfitrião com
meus novos hábitos alimentares. Não gosto mais de carne, algumas frutas e
saladas. Sei que estou aprendendo a me alimentar e isso dá trabalho. Nem sempre
é o alimento que não dá certo, muitas vezes o estado emocional é que determina
se digestão será bem feita ou não. Tenho ouvido o meu corpo. Tenho me escutado
mais. Às vezes eu quero ficar quietinho e se posso faço-o. Nem sempre posso
fazer o que tenho vontade, mas, tenho procurado viver melhor.
Mudei alguns
focos da minha vida. Antes, em meio a uma turbulência, eu ia comer e assim esquecer
os problemas. A comida era, por assim dizer, um acalanto, um prazer secreto na
aspereza da vida. Havia os momentos particulares de pura gastronomia. As
trufas, Carolina, bombas, coxinhas e outras iguarias comidas às escondidas e
rapidamente. Tornei-me campeão de “comer rápido”, talvez por medo de ser visto,
afinal eu estava gordo e além de tudo diabético, como poderia me atrever a
comer como qualquer magro? Hoje tudo mudou
não mais posso me dar ao luxo de me empanturrar de comida porque o meu corpo já
não aceita e então, no meio do turbilhão, o que fazer? Pensar, procurar
atividades construtivas e criativas, organizar os pensamentos e achar soluções
mais saudáveis e fugir das armadilhas. Parei de me sentir vitima da vida e do
passado, hoje sou eu que decido o que vou permitir o que ou quem vai me ferir.
Se não estiver gostando, vou embora, se achar que devo questionar, questiono e
se achar que devo fazer de tonto também faço e pense quem quiser pensar. Tenho
pensado que nem sempre vale a pena “apurar” tudo e que tem horas que não se
importar também é se posicionar. A vida ficou bem melhor, tenho mais disposição
para viver, mais prazer em escolher o que vestir e comer. Não sou mais escravo
da comida, como para me alimentar e sou eu que decido quanto e quando vou me
alimentar. As perdas são naturais; estou mais envelhecido e nem sou bobo de não
notar, mas em compensação não preciso tomar insulina e nem um monte de pílulas diariamente.
Minha Glicemia nem precisa mais ser monitorada, faço ainda de vez em quando por
cuidado e precaução. Peso-me regularmente para não deixar o comodismo se aproveitar
e sutilmente se instalar de novo. Tenho voltado a fazer caminhadas, cuido da
minha alimentação, morro de rir, acho graça de tudo e de todos, choro, questiono,brigo,
leio e não deixo de ir atrás dos meus sonhos. Voltei a estudar e estou indo
muito bem. Nunca me esqueço de que é assim até o fim: Um dia de cada vez!
Um comentário:
Adorei!
bjo
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