sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Como nossos Pais


Hoje minhas quatro irmãs vieram me visitar. Estão aqui hospedadas. Está sendo muito bom. Cozinhamos juntos, fomos fazer compras e voltamos aos velhos tempos. Olhamos algumas fotos e descobrimos que o tempo não para. Eram outros tempos e neles vivemos e fomos felizes. Tempos de descobertas, tempos de aprendizado. Não saibamos nada da vida e achávamos que tudo ia dar certo e que liberdade era uma calça velha azul e desbotada. Incrível era usar calça boca de sino e bolsa hippie de couro com franja.Tinhamos uma visão tão curta de mundo.Beatles, The Monkes, As Paneteras. Outros idolos, outros amores.
Eu era fascinado por uma "manequim", assim se chamavam as modelos da época. Não era Naomi ou Gisele,  , seu nome: Dorothe Marie Bowier.Ela era linda, eu era apaixonado por ela.  Procurei no Google, não achei.Os jornais de domingos tinham um Suplemento Feminino e eu recortava as fotos e guardava Meu outro amor: a baliza da fanfarra da minha escola, Marli. Saia xadrez de escocesa.  Você sabe lá o que isso? Baliza? Procure no Google é algo meio Jurássico.  A Rodhia tinha as modelos exportação e eram lindas. Lembro-me bem de Mila Moreira, até hoje no ar.Tudo era maravilhoso e eu acreditava que isso era a vida. Alguns Heróis morreram de Overdose outros se tornaram ícones nas nossas vida. Tinha aquela Prima  descolada que foi morar em outro país. O Chique era ter moveis da Lafer Roxo e branco.Sapatos tinham saltos carrapeta. O cabelo era mais comprido.Minha irmã  tinha uma amiga que usava botas brancas até o joelho e mini saia  com meia de lurex. Bárbaro! Velhas tardes de domingo, tantas alegrias embalando nossos sonhos. A gente lia Snoopy, não o dog dog, o  gibi da Mafalda e  recruta zero. Tinha um jornal que não podíamos ler: Pasquim, coisa de "pervertido" segundo nossos pais. E tinha Chacrinha, nos embalos de sabado à noite. Bolo só com recheio de doce de leite e ameixa. E o Strogonof? Prato requintadissimo. Comia-se Nhoque no domingo que tivesse visita em casa com refrigerante de garrafa. 
Nossas referencias eram inatingíveis e sonhavamos com esse mundode ilusão. As marcas mudaram e nossa roupa também.  Grande Lojas fecharam suas portas e nós continuamos e  fomos viver como nosso Pais. Caretas, casados, filhos,  festinha de aniversário com brigadeiro e tudo que achávamos que era fora de moda.
O Tempo passou e fomos  descobrindo que isso não duraria e que viriam outras coisa para ocupar a mente. Trabalho, responsabilidade, decepções, desencantos, perdas e dores. Tempo difícil esse de passagem da vida infantil para  a vida adulta. Quando menos se esperava já tínhamos envelhecido e as pessoas nos chamavam de Senhor, Senhora e coisas assim que nos assustam às vezes.
Mas também é preciso lembrar que colhemos muitas coisas por esses caminhos; bons amigos, experiência, boas lembranças e muitos, muitos bons momentos que não voltam mais. Mas, todo dia o sol aparece e nos traz novas oportunidades e surpresas. Tudo valeu e sempre valerá. O que foi, já foi. O que vier enfrentaremos e recolheremos só o que for bom, o que não for deixaremos escorrer no ralo junto com o banho. Isso é  que  é viver um dia de cada vez. "Basta para cada dia seu próprio mal" Mat. 6::33,34

2 comentários:

Unknown disse...

Lindo demais ...que saudade desse tempo e Essa prima descolada era eu ?

umdianovocadadia disse...

Claro que era. Você é minha prima descolada. Beijo

Eu não liguei

Bertolt Brecht (1898-1956) Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro Em seguida levaram alguns operários ...