quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Eu não liguei

Bertolt Brecht (1898-1956) Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro Em seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso Eu também não era operário Depois prenderam os miseráveis Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável Depois agarraram uns desempregados Mas como tenho meu emprego Também não me importei Agora estão me levando Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém Ninguém se importa comigo.

domingo, 21 de agosto de 2022

Uma Fabula Antiga

Uma Fábula antiga A vida vai acontecendo….Devagarinho e às vezes muito depressa. De repente já chegou o final da trilha ...de repente era o último degrau da estrada e o que resta, às vezes, é só a contemplação de outros que , agora vivem as suas experiências do passado. Lá do alto, você enxerga o tabuleiro e vê que o caminho melhor não é aquele e que o atalho vai tirar o jogador da rota. Mas ninguém te chamou para o jogo e esse jogo não é seu. Mas você poderia ajudar, evitar, acrescentar ...mas esse jogo não é seu. Vai dar errado! Mas esse jogo não é seu… Segue em frente, o tempo dirá. Resista a tentação de dizer: Eu avisei! Então chega o fim e aí, tardiamente se percebe o valor do que se perdeu… Nota-se que aquela pessoa, que aparentemente não fazia falta, que era inconveniente,chata…era indispensável e faz falta. Lembro-me de algumas figuras do passado, que hoje tem seu lugar não preenchido…Pessoas que marcaram, por algum motivo , um tempo de nossas vidas. Lembrei de uma fábula antiga que dizia o seguinte: Numa Aldeia , havia um homem idoso, vestido com um longo casaco escuro e que andava pelas ruas, do amanhecer até ao anoitecer, com uma almotolia nas mãos. Ele andava e parava em cada porta ou cada portão e pingava algumas gotas de óleo e seguia em frente. Exercia essa rotina todos os dias e por isso era chamado de “O louquinho do óleo". Todos riam dele, as crianças menores o temiam, as maiores zombavam dele e o perseguiam. Não era alguém pra se temer, era só "O Louquinho do Óleo". O Tempo passou, a vida seguiu em frente e ele, o "louquinho" envelheceu, adoeceu e morreu. Algumas poucas pessoas foram, por piedade em seu velório porque ele era um homem solitário e depois do enterro nunca mais se falou nele. As pessoas o esqueceram de vez em quando alguém se lembrava dele como um personagem pitoresco do passado. Vieram as chuvas, a neve do inverno, o sol do verão, a poeira do Outono e de novo a chuva e a neve ...e a vida seguiu seu ciclo. Um dia, as pessoas começaram a ouvir gemidos por toda a cidade, pareciam gemidos vindo de todos os lugares da Aldeia. Não eram gemidos, era um certo rangido e de onde viriam esses barulho ? Vinha das portas e portões. Mas que mistério seria esse? Com o passar do tempo e as intempéries, as dobradiças começaram a se enferrujar e com isso perderam a maciez e se tornam ásperas provocando um barulho desagradavel quando se movimentavam. Mas, porque agora , elas sempre estiveram ali, eram portas e portões fortes, do tempo dos ancestrais e nunca fizeram isso, o que teria mudado? Alguém parou de colocar óleo nas dobradiças e isso fez toda a diferença. Talvez você seja essa pessoa de grande valor que só será vista depois. Não desista, faça a sua parte.

Eu não liguei

Bertolt Brecht (1898-1956) Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro Em seguida levaram alguns operários ...