Medida Certa

Estamos há seis semanas fazendo um grupo de reeducação alimentar na escola onde trabalho. A ideia nasceu da luta de varias pessoas contra a balança no meu local de trabalho. Um dia alguém me pediu a copia da dieta pré-operatório que fiz na UNICAMP e que deu um super resultado. Fiz a copia e fui explicar como deveria ser a alimentação e quando percebi já estava comprometido com um grupo de quinze pessoas interessadas em perder peso. Montamos um programa com planilha de acompanhamento, gráficos de resultados, e uma apostila da dieta e textos motivacionais. Na primeira semana os resultados foram incríveis e animadores, em media as pessoas perderam 1,5kg a 1,8kg e todos ficaram animados. O Grupo foi se animando e começaram a dizer as outras pessoas os resultados obtidos. Como incentivo começamos a premiar os melhores resultados com um broche que é usado pelo primeiro e segundo melhores resultados da semana e depois mais dois broches que são usados pelas maiores perdas do programa. O Grupo se uniu, começaram ações conjuntas e é comum que uma das pessoas arrecade dinheiro e passe numa horta para fazer a salada do almoço para todos. Há hoje uma preocupação em não se oferecer alimento calórico para as pessoas que estão fazendo parte desse programa. Havia com frequência sempre alguém que trazia um bolo de fubá com goiabada, arroz doce, canjica, um pão especial e todo o tipo de guloseima que atrapalham os objetivos de quem opta por uma alimentação saudável. O Grupo cresceu para vinte e nove pessoas e alguns fazem a dieta a distancia pois trabalham  em outro endereço. Compramos uma balança e toda a quinta feira pesamos todo o grupo e damos os resultados. É uma expectativa emocionante, todos se submetem a isso de maneira alegre e brincalhona e podemos analisar a atitude da semana através dos resultados. Sempre oferecemos um texto motivacional para cada um, textos que falam sobre os “sabotadores da dieta” onde procuramos encontrar no dia a dia os alimentos, atitudes e ações que nos fazem desviar do nosso foco. Colocamos textos que falam também do inchaço do período menstrual que é um desanimador e que pudemos observar ao longo dessas seis semanas em muitas delas. Quando alguém sobe na balança após uma semana de dedicação ao plano por ela proposto e vê que aumento de peso ao invés de diminuir fica completamente desanimada e a tendência é desistir daí a motivação ajuda a voltar a mente para o que é certo e ir em frente. Temos sentido apoio por parte da direção da escola e da Supervisão da Diretoria de Ensino e fomos até citados em um relatório como uma ação motivacional positiva. Hoje já eliminamos 59,800 juntos e isso reflete grandemente no grupo que tem sentido os benefícios da boa alimentação sem medicamento e com resultados possíveis e palpáveis. Uma pessoa no grupo com Diabetes Melitus reduziu o uso da insulina apenas com a dieta e já perdeu 6.400kg, outras já se rejubilam porque mudaram o numero da roupa e conseguem vestir aquele jeans esquecido no armário. Tem sido um sucesso e sabemos que isso só esta sendo possível porque cada um assumiu o controle de sua vida e deixou de dar desculpas pelo seu peso e infelicidade. Sabemos que somos responsáveis por nos mesmos e ninguém pode  nos fazer felizes ou infelizes se não permitirmos. A decisão é pessoal e o nosso lema é: A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau. Mark Twain

Bariatrica Três anos depois

Quase três anos já se passaram desde a cirurgia. Muitas mudanças de corpo e principalmente de mente. Não sou mais a mesma pessoa. Estou aprendendo a me esquivar das coisas que me incomodam e que me fazem querer comer para me defender das agressões da vida. Não é fácil essa nova vida em que o enfoque principal não é mais a comida. Vejo claramente a que em tudo o que fazemos socialmente o enfoque, quase principal, é a alimentação que vai ser servida. Tenho fome  e me alimento o tempo todo mas a restrição a alimentação bem grande. Não suporto carne, arroz, nada muito fibroso ou requentado. Às vezes fica difícil escolher algo para comer e já me peguei perambulando pelos mercados e padarias atrás de “algo bem gostoso” e termino no velho e bom pão de queijo ou outro queijo qualquer. Não foram poucas as vezes que fomos convidadas para um churrasco, jantar ou almoço em que nada, absolutamente nada “dava certo” para que eu me alimentasse. Aprendi a levar um reforço extra como uma sopa de saquinho para essas situações. Tenho conseguido comer algumas coisas isoladamente como, por exemplo, o arroz sozinho ou só o feijão. Como muito purê, batatas de todo o tipo, sopas, e algumas preparações com carne de soja. Meus exames nunca dão com índice baixo de vitaminas e os demais níveis importantes para a boa saúde. Tenho aprendido que o problema é meu e não transfiro para ninguém. Cuido para que haja o alimento necessário e que me satisfaça. Ninguém deve ser responsável tempo todo pelo meu bem estar e isso tem me ajudado a não ficar culpando os outros pelo meu estado de espírito. Cada pessoa que optar por essa cirurgia que, no meu caso, foi mutiladora e irreversível, deve analisar custos e benefícios para que não se arrependa depois.  Eu não faria por estética pois o custo é muito alto que se paga no sentido de conviver com as restrições para a vida toda mas, em questão de saúde meu lucro foi positivo e por isso não me arrependo. Hoje não sinto mais o cansaço e desanimo característicos da Diabetes e até voltei a estudar fazendo uma faculdade. Claro que minha aparência física também mudou, me acho bem mais velho do que antes e as vezes me olho no espelho e assusto. No mês que vem faço uma cirurgia dupla para corrigir uma hérnia e uma Abdominoplastia. Estou feliz com o resultado e continuo assim, um dia de cada vez.