sexta-feira, 13 de abril de 2012

Tempos modernos


Hoje vim pensando pelo caminho de quão irônicas são algumas coisas que nos acontecem. Como por exemplo, estamos nos distanciando das pessoas à medida que nos tornamos mais próximos de outras através das redes sociais. Em outros tempos, carregávamos um surrado álbum de fotos com as nossas melhores lembranças e, a qualquer oportunidade, sacávamos esse precioso "documento" e orgulhosamente mostrávamos a todos que quisessem ou não quisessem os nossos maiores tesouros. Eram fotografias de nossos filhos, netos, pais, cachorros, orquídeas e tudo mais que queríamos compartilhar. Hoje fazemos a mesma coisa, via internet. Postamos tudo o que nos causa orgulho e 11 segundos depois já tem o termômetro de nossa postagem. Uns curtem só pra não dizer que não ligaram, outros deixam comentários e outras até compartilham e nós nos deliciamos com a certificação de que somos bem sucedidos na nossa jornada chamada de vida. Às vezes postamos coisas tão sem importância para o outro, mas que para nós é o máximo. Queremos mostrar que temos "bala na agulha" que "estamos podendo" e que "eu não sou fraco não". Antigamente, aliás, há pouquíssimo tempo achávamos o máximo da grossura quando alguém entrada num coletivo e "escancarava" a vida, Hoje eu faço isso com status de "chic" "descolado" "up to date". Outro dia um amigo de minha filha postou que havia feito uma necessidade fisiológica. Bárbaro, não? O Tempo passou e mudou ou nós mudamos e derrubamos as barreiras da critica? Ser feliz ou ter razão? Ser feliz é melhor, então  vamos compartilhar. É muito legal estar tão próximo das pessoas que não víamos há anos e que nos são tão queridas. É maravilhoso poder reatar laços que estavam tão frouxos e, de uma maneira tão simples e rápida saber e fazer parte da vida de tanta gente. Isso tem um valor inestimável, mas, é triste também pensar que, às vezes, acaba sendo a única forma de contato. Outro dia minha filha estava no notebook na sala e eu, para “sacanear”, me comuniquei do PC do quarto dela para saber se estava tudo bem. Os tempos estão mais dinâmicos e há de ser necessária a agilidade, mas não podemos perder as oportunidades de tomar o cafezinho juntos, abraçar, de dizer eu te amo pessoalmente, pois haverá um dia em que não mais poderemos postar o que somos, temos ou fizemos e nossa conta será encerrada por falta de atividade.

Eu não liguei

Bertolt Brecht (1898-1956) Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro Em seguida levaram alguns operários ...