sábado, 22 de janeiro de 2011

Você tem fome de que? Você tem sede de quê?


A sociedade atual está nos transformando em máquinas de competitividades. Não somos mais seres, quem dirá humanos. Somos sim, consumidores, e como a própria diz estamos realmente levando ao pé da letra e nos consumindo.
Ser feliz? Muitos se perguntam: O que é isso mesmo?  Quando foi a última vez que senti plenamente esta emoção?
Precisamos ser os mais bem sucedidos profissionalmente, esteticamente e financeiramente porque para poder consumir tudo o que nos torna “melhores” e mais “bonitos” é preciso muito dimdim.
Queremos roupas, jóias, cabelos das atrizes de novelas, fazer lipo, turbinar os seios e de quebra somos convencidos também a comer tudo o que tiver apelo marketeiro. Somos eternamente insatisfeitos com nosso corpo e confundimos estética com qualidade de vida e saúde.
Estamos sempre correndo atrás de algo, como se sempre faltasse alguma coisa, e nos sentimos vazios. Todas estas coisas geram muito estresse e um sofrimento emocional muito grande. E adivinha como preenchemos o vazio? É, eu sei, eu sei mas  infelizmente é com a comida.
O grupo musical Titans é muito feliz na letra da sua música “Comida”, quando nos questionam: “Você tem fome de que”? E nos fazem um alerta sobre o fato de que nossas necessidades emocionais também precisam ser saciadas.
Veja este pequeno trecho:
“A gente não quer só comer
A gente quer prazer
Prá aliviar a dor…”
Partindo do princípio que fome é uma necessidade orgânica e fisiológica e que comida é a energia que precisamos para manter nosso corpo vivo e funcionando, responda você mesmo: Toda vez que você ataca a geladeira ou se alimenta, está realmente com fome?
Veja bem, quando um animal sente sede, ele busca água, quando sente fome, caça seu alimento e come até sentir-se saciado. Nós seres humanos, somos privilegiados, somos inteligentes, temos consciência de nossos atos e também somos dotados de livre arbítrio e poder de escolha. Então, temos tudo para fazer boas escolhas. Porém, somos levamos por nossos desejos e emoções não resolvidas.
Ensino algumas técnicas básicas para meus pacientes poderem se livrar desta armadilha:
- Coma a cada três horas, assim não terá fome exagerada.
- Toda vez que sentir o impulso de comer fora de hora, pergunte-se: Estou com fome ou com vontade de comer? Estou com fome de que? O que me incomoda neste momento? Traga para o consciente a situação e tente resolver.
- E se ainda assim for difícil resistir, tenha sempre a mão alimentos pouco calóricos para dar trabalho para os dentes, uma dica legal é uma maçã picadinha, pepino; e coma devagar! Isso reduzirá a ansiedade pela mastigação.
- Faça uma atividade física para canalizar o estresse (caminhada, musculação, ioga, dançar, etc)
-Alimente também seu espírito, tire um tempo para olhar para dentro de si, para meditar, orar  ou até mesmo contemplar a natureza.
- Seja persistente, estes episódios não duram muito tempo, em média 10 minutos.
Mais um trecho dos Titans: “ Desejo, necessidade, vontade…”
Urgentemente precisamos aprender a lidar com as nossas emoções, pois é muito comum nos alimentarmos compulsivamente, mais por ansiedade do que por fome.  Esperamos que o alimento nos traga novamente uma sensação de bem estar e caímos num ciclo vicioso. E depois o que nos resta é aquela sensação de estufamento, de culpa e enorme ressaca moral.
Lembre-se, emoção resolvida não vira comida!


Artigo Transcrito do site www.ANutricionista.Com

sábado, 15 de janeiro de 2011

O tigre enjaulado


Ele não sabe a força que tem. Ele nem imagina a altura que ele alcança se resolver sair daquele lugar. Ele tem a força de 14 homens fortes e nem sabe disso. Ele está ali, preso nas grades e olhando com os doces olhos cor de mel a vida que acontece lá fora. Homens e mulheres aproveitando o dia para caminhar, crianças que vão com seus pais ver os bichos de pertinho, o fotógrafo que se aproveita da grade para encara-lo bem de perto e e conseguir um close maravilhoso. Quando ele ruge assusta os visitantes que são lembrados do seu poder destruidor. Muitos de nós somos assim, fortes por natureza mas não sabemos o quanto e vivemos acuados em pequenas jaulas que criamos. São as jaulas do medo que nos acorrentam. É o nosso passado, é  o medo do futuro, é o que os outros pensarão. Vivemos infelizes e tensos esperando que um dia tudo vai melhorar. Enquanto isso, deitamos prostrados  em frente nossa gaiola e observamos a vida lá fora. Não temos coragem de escalar os muros, não forçamos as grades, submetemos ao pior dos nossos algozes: nós mesmos.
Lamentamos a vida, a sorte, o destino, o signo...Colocamos a culpa em tudo e em todos e somos vitimas de nós mesmos; nem sabemos como seria correr livre pelos campos, livres para viver, livres para ter uma vida abundante. 
Podemos ser livres, a Biblia nos diz  "se pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João  8.36). 


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Consulta de Rotina 6 meses

Estou chegando agora da UNICAMP. Tomei um chá de espera. Foram muitas horas aguardando a minha vez de ser consultado. Observei muitas pessoas, tive tempo pra isso. Encontro pessoas que já operaram há dois meses, dois anos, cinco anos. Todas têm a mesma conversa. Todos mudaram o enfoque da vida. Muitos ficaram mais bonitos. A vaidade retomou o lugar. Cabelos mais tratados, roupas escolhidas com mais cuidado, acessórios vistosos. Há um cheiro de novo no ar. Parece que há uma redescoberta da vida. Valores que já haviam sido enterrados hoje surgem de uma maneira quase adolescente. Saltos, bolsas, bermudas bem cortadas, blusas e camisas mais alinhadas. Alguns homens tentam resgatar o jovem que ficou perdido no tempo e assumem figurinos no mínimo estranhos. Camisetas sem mangas com bonés e bermudas e coisas do genero. As mulheres no geral, procuram valorizar braços e pernas há muito escondidos em roupas largas.  Sinto que essas pessoas voltaram a fazer as pazes consigo mesmas. Sinto que voltar a olhar para o espelho. É boa a sensação de que ainda somos bonitos e não ter a mais a impressão de que a vida não tem mais nada para nos oferecer. Talvez ninguém ache que estamos assim mudados, mas nos achamos. O manequim menor, a aparência na fotografia, os comentários que fazem os amigos...Ah, isso não tem preço. Noto que alguns estão entusiasmados e dizem isso de uma maneira bem expressiva e outros, que são mais discretos quase nem falam. Me parece que o segundo grupo nem gostaria que soubessem desse passado obeso. É um momento de profunda reflexão onde somos relembrados de quem éramos e reinventar o novo. É um começar de novo. Uma segunda chance que deve ser bem aproveitada. Viva a vida! 

Eu não liguei

Bertolt Brecht (1898-1956) Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro Em seguida levaram alguns operários ...